Chorar em palavras

Não tenho lágrimas
e não sei outra maneira de chorar.
Tenho a alma a transbordar,
preciso soltar,
libertar
e não tenho lágrimas...

Amar-te sem que me saibas

Se te dissesse que te amo, esconder-te-ias?
Não vás.. é doce a tua presença em meu pensamento, ainda.
Deixa-me, primeiro, dizer-te dos sorrisos que me deste sem saberes,
os calafrios quentes na boca do estômago que me acalentou a Vontade.

Vontade dos teus abraços nos meus braços,
da tua Voz musicando-me o ouvido,
do teu Sorriso tranquilo,
do teu Olhar melancólico a encontrar os meus anseios.

Seria delicia se, ao menos, me prendesses na memória,
saber que também eu te deixei vontades infindas.
Júbilo seria se, como eu, sentisses Amor,
se descobrisses a tua Chama Gémea em mim.

Mas se me viras as costas, se te escapas de mim
avizinho infeliz, então, o termo deste sonho.
Guardarei apenas a lembrança dos sorrisos, que me deste sem saber,
num cantinho escondido do coração.

Outra vez no limbo

Entre o querer e o não querer.
Se por um lado me quero prender a ti
Por outro, a minha alma quer soltar-se.

Sinto a morte cá dentro.

Como pode um Amor
nascer tão rápido e morrer tão cedo?

Que fortuna é esta
que me foi dada e retirada
sem que pudesse sequer ter tempo de a saborear?

E sendo este Amor tão breve,
porque é que está a doer tanto deixá-lo ir?

Preciso soltar as lágrimas

Que estão presas na alma.
Quero explodir em jorro contínuo,
Transformar-me em cascata
Diluir-me no mar
Para chegar a ti
Em forma de chuva
Assim entranhar-me na tua pele
E viver em ti.

Palavras Presas

Tenho palavras presas dentro de mim, apunhalando-me e torturando as minhas ideias.
Quero organizá-las ou libertá-las, mas elas, como se tendo vida própria, andam à solta dentro de mim e não consigo fazer com que elas saiam de maneira ordeira e compreensível.

Palavras que te queria dizer, para que soubesses o que aqui se passa por tua causa. Pela simples causa de te teres cruzado no meu caminho e teres trazido tanta luz contigo. Queria ter palavras concretas para que entendesses que não é meu intuito prender-te, e grande é a pena se te perder.

Quero conhecer-te melhor e quero que me conheças.
Até agora tenho-me comportado como tu.
Seca, austera, coloquial.
Quero que saibas que não sou assim.
Sou espontânea, livre, leve, mas assertiva, doce umas vezes, outras mais bruta.

Não quero que gostes de mim como eu gosto de ti.
Mas se são verdade as palavras que de outros chegaram,
Tu também gostaste de mim.

Choro por tristeza e punição,
Tentando perdoar a mim mesma de não ter acreditado nos sinais que me davas.
Mas o Medo de ser rejeitada e assim te perder, foi maior.
Foi e é esse medo, que não me deixa dar-te sinais que também eu gostei de ti.

Desde o primeiro momento em que te vi, entrando naquele pátio, com a tua pose magestosa e andar leve, a minha atenção fechou-se em ti. Apesar das tentativas de me distrair, tu estavas ali e eu já queria conhecer-te.

E agora faltam-me as palavras, para te explicar a tamanha linsoja que me ofereceste com a tua presença, o teu sorriso doce, o teu olhar profundo, o teu abraço delicadamente forte, a tua mão quente e, claro, com a tua voz única, que me penetrou até ao âmago e ali ficou até hoje.

Faltam-me as palavras para encurtar esta distância que o Destino nos pregou. O acaso não existe. E como não foi por acaso que nos cruzámos, também não será por acaso que tenha havido tamanho desencontro.

Não posso mudar o passado, mas posso trabalhar no presente para que o futuro se concretize mais perto dos meus desejos.

Time is now

No more fear is allowed.
You can feel it inside of you.
Listen closely, its a wispering voice inside, you'll have to feel it..

Time is now.
Everything is mooving faster.
You have to keep up,
Don't be distracted.

For this is your mission fullfilling.

Get focus inside of you.
You have the right answers

First, know your ego
And silence it.
Then you'll listen cleary what your inner voice has to tell you.

You are in the right way,
Time is now.

Apaixonada

Por mim.
Pela Vida.
Pelos Homens.
Pela Natureza.
Pelo ar que respiro, pelo 'anima' que me faz acordar todos os dias..
Pela gratidão de disfrutar dessa paixão imensa,
Grata pelo tempo que durar esta paixão, que desejo que seja eterno!
E assim, continue eu sempre crescendo e evoluindo,
Iluminando-me da obscuridão do desconhecido futuro,
Aproximando-me em todos os momentos da Vida
um pouco mais perto da Clarividência, que é a unidade do Cosmos.
Grata.

Parece que morro

Num vagar entediante.
Numa lentidão que me consome
E me destrói.

Que faço eu aqui?
Que correias me prendem ainda?
Será possivel suportar esta angustia,
Este suplicio que é viver?

Este tempo não é o meu,
Este mundo onde não me encaixo
Que me sufoca, estragula, aperta, mata...

Quero partir para um lugar que não sei onde é.
Longe de tudo, longe de todos.
Onde eu possa esquecer quem me tornei,
E me possa tornar quem sou.

Este mundo não é pra mim,
Hoje, como qualquer outro dia da minha curta vida,
Seria bom para morrer..

Quero partir

Para onde o tempo não exista.
Onde os corações são quentes
E os sorrisos abundantes.

Quero esquecer este mundo que me consome.
Aqui, onde estou hoje,
Os corações estão frios
E não me encontro já no olhar dos outros.

Quero partir já,
Nada me prende aqui senão o peso do corpo,
Que me levasse o vento se assim não fosse.

Tomara-me eu já lá,
Onde quer que fosse
Que não fosse aqui...

O tempo agora

É apenas um segundo
E só esse momento importa.
Acabou-se o prolongamento para sofrer.

Amigos

saberei quantos tive,
à hora da minha morte...

antes disso... tudo pode mudar!

O pesar apenas....

Há quem se afaste, sem sair do lugar.
Quem morra continuando a vida.
Quem apodreça e não cheire mal.




Se me apecete chorar?
Não!
Apetece-me arrancar os olhos e o coração.

Mas chorar por aqueles que,
julgando eu que me conheciam,
julgaram-me como se fosse ninguém, não.
Nem mais uma lágrima ou sorriso.

O pesar apenas....

Não te quero de volta

se o que tens para me dar
são alpendres da alma.

Quero que abras janelas,
se as portas não podes abrir...
Perdeste a chave,

Mas tu nem as janelas consegues abrir
que o tempo já secou as dobradiças
e não te dás ao trabalho de as olear.

Não te quero de volta,
para me dares jardins
sem me revelares os caminhos.

Numa noite qualquer,

sentada na mesa do café, eu.

Tu, chegaste perto,
puxaste uma cadeira e sentaste à minha frente.

Olhando-me nos olhos disseste:
"..ninguém vai sentir a minha falta..."

Eu, como se pela primeira vez te olhasse, sabia...
eu ía sentir a tua falta...

Sabia-o, mesmo antes do primeiro toque,
daquele beijo procurado,
daquele abraço que me engoliu,
antes das loucuras,
das lágrimas,
das despedidas,
antes de começar... antes de acabar.
Eu sabia que iria sentir a tua falta....

Não se pode prolongar

o que nunca começou...
Não se pode perder,
o que nunca foi nosso.

Foste raio de Sol,

nos teus cabelos...
brisa do Mar me trouxeste,
nos teus olhos...

Entranhaste-te na minha pele,
como aroma de roseira,
mas sabias a noz moscada...

Há um silêncio

ensurdecedor a zumbir-me os ouvidos.
Há um ar gélido que trespassa os ossos
que atravessa paredes e se aloja no meu peito.

Há um ânsia qualquer, uma urgência de acontecer,
um final anunciado, um início do inominável.
E eu, quieta, expectante, mas tranquila,
preparada para entrar no escuro e ver com a alma.

Venham-me buscar, estou de mãos abertas para vos guiar.


(Não sei o que quero dizer)


Vou sozinha

dormir nas minhas lágrimas
e sonhar nos teus lençóis . . .

É um vazio

uma apatia
um perder as forças
e sentir-me a cair...

e só importa o agora...

Perda

é tudo o que me vai restando na esperança.
Sei que a todos perco.

Perco os que se vão para sempre
mas que continuam vivendo na memória.

Perco os que a desilusão afastou
e esses morrem aos poucos até ser nada.

Perco os que não sei nomear o que são
porque permanecem ao meu lado.

Pensar em ti,

estares sempre à frente de todos os pensamentos,
ainda sentir o teu toque, o teu beijo, o teu cheiro,
saber de cor os teus traços, os teus abraços

desejar-te inteiro
tocar-te no escuro
sentido-te na carne
é tudo o que tenho à flor da pele

Queria sussurrar-te 'volta para mim'
se ao menos fosses capaz...de me amar.

Menino de olhar perdido

deixa te encontrar nos meus olhos.

Menino de coração frio
vem aninhar-te no meu peito.

Menino solitário
acompanha-me na Vida.
Nem dei por chegares e agora enches-me o coração!

Vazia,

é como me sinto.
Não encontro chão.
Não oiço o coração.
Só um eco infinito ressoa
cá de dentro, do fundo.

Vazia,
como um saco que voa
ao sabor da ventania
sem rumo ou lugar p'ra ficar.
Contínuo voar
por entre os outros
sem lhes tocar
sem deixar que me toquem.

Vazia,
como a maré que quase não chega à praia,
mortiça, desvanecendo em espuma.

Fria,
como pedra que passa a noite ao relento.

E morta,
porque não encontro pingo de mel no coração...

Até a tua voz me parece distante já...

O cheiro do teu corpo já o esqueci.
O brilho do teu olhar já não brilha aqui.

O teu sorriso breve e passageiro
As tuas mãos em mim
O teu sussurrar matreiro
já nada mora aqui...

And this need

to be special..

kills me.....

Deixem-me morrer nestas asas,

Deixem que minha pele seque ao Sol deste deserto.
Esqueçam quem fui,
e assim meu corpo se desfaça em areia branca.
...
No entanto, não esqueçam
o caminho de Luz até ao interior da montanha.
Lá encontrarão o vosso coração
dentro do meu.

fui..

se volto um dia?
não sei...

mas vou sem olhar para trás,
não me sigam..
não quero que me vejam as lágrimas
e assim tudo o que se passou será belo.

não queria ter de partir.
achava que conseguia estar
com o coração ao alto
mas não.

derrete-se-me o coração
como manteiga ao sol
e tenho de abandonar-me pelas sombras...

por isso vou.. antes que me sinta abandonada.

tudo seria perfeito

se não houvesse passado
e não se pensasse no futuro.

Na tentativa de me achar

vou-me perdendo nos outros...

mais um dia ...

horas que passam por mim
como um filme em câmara lenta.
emoções que não são minhas
que me rebentam por dentro.
e onde me encontro a mim?
não sei..
fico perdida nesse emaranhado confuso
das dores dos outros.
as lágrimas deles
choro-as por dentro...
e o meu coração já não chega
para aguentar tanto lamento.
quero a minha alegria de volta
quero as gargalhadas presas.
...
se ao menos as lágrimas se soltassem...

beija-me

toca-me ao de leve..
percorre-me a pele
à distância de um suspiro...

quero senti-lo quente...

O meu livro

está cheio de páginas arrancadas.
De histórias mal começadas.
De erros de gramática.
E discursos patéticos.

Soneto da Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Vinicius de Moraes

Dizem que morri

que já não sou
que parti para sempre
que me fui.

Eu sinto que nasci de novo
entrei em novos caminhos
aprendi a voar.

Aos que ficaram para trás
aqui vos espero
sorrindo...

até já.

Há sempre o medo

de não voltar.
De ficarmos pelo caminho,
esquecidos, perdidos.

Há sempre o medo
que tudo esteja diferente
quando ao voltar
o presente esteja no futuro.

Há sempre o medo...

Como uma ribeira

que lentamente chega ao Mar,
assim vamos nós neste vôo.

Sem a pressa de chegar,
sem medo do acabar,
sem laço apertado.

Simplesmente indo ao sabor da corrente..

Vieste envolto em fumo

entrelaçando-me no teu sorriso.
Olhando, lançaste-me um feitiço.

E nasceu a Ilusão.

Mas o fumo baralha, engana.
Desfoca a real imagem do que és.

Mas o vento chega sempre
para espalhar o fumo
e deixar ver o que estava escondido.

Quão fácil é desfazer essa ilusão...

Vou sussurrar-te ao ouvido

Gosto de Ti...

Vou olhar no fundo dos teus olhos
Beijar-te os lábios
Apertar-te contra ao peito
E sussurrar-te outra vez

Gosto de Ti...

Tears fall

like a steam from my eyes.
Pieces of my soul falling
washing away my pain.

Days like these
when i cry everyone's tears
I feel all sorrow in the world
and i'm like a child, alone.

Há dias assim...

Em que as lágrimas me caem e não as consigo dizer...
Em que era companhia que me apetecia mas a solidão é tão mais acolhedora.
Em que digo que vou e o que apetece é ficar.
Em que celebrar a Vida é nada mais do que ficar a dormir para esquecer que existo!

O que eu não dava

por um momento contigo.
Mergulhar-te até ao infinito da alma
e descobrir-te inteiro.

Quero, mas não posso...
que esse teu infinito tem barreiras
demasiado altas para se transpôr.

A Vida

é assunto mui sério.
Mas quanto mais a levarmos a brincar, mais simples se torna vivê-la.

Fechar os olhos

e ver as palavras deste passado a esvoaçar diante de mim.

Tantas e tão poucas boas entre elas.

São palavras ruins o que vejo,
palavras feias,
de significado que não entrava no meu vocabulário.

Tento escolher, entre elas
as que te reservo para dizer...
E só encontro um pequeno e mísero

adeus...

No fundo dos teus olhos,

encontro um espelho onde me reflito. Acho-me na razão do teu sorriso...
Mas na voz da tua razão, há mentiras, há segredos,
que se amontoam e criam barreiras...

Quero transpôr esse fronteira,
aninhar-me nos teus braços
e prender-te nos meus abraços...
O desejo cresce mais na claridade verdadeira...

Mas se não me queres,
vai-te... deixa-me às escuras e esquece-me num canto...
Não sou boneca de trapos que possas mandar ao ar..
Sou boneca de porcelana com coração de vidro que se pode quebrar...

Não me quebres.. partilha-te...
Dá-me a tua verdade..
Eu dar-me-ei verdadeiramente...

Começa a nascer

uma flor sem raízes,
sem força para crescer...

Mais um encontro desencontrado,
dois caminhos cruzados no tempo errado...

Começo a encher-me de esperanças mortas....

Bem-me-quer, mal-me-quer

pétala a pétala
desfiando este emaranhado de sentimentos
Bem-me-quer, mal-me-quer...

Hoje quero.. amanhã nem por isso..

No teu silêncio

encontro as lágrimas que disse que não ia chorar.

No teu silêncio
o meu coração parte-se em mil bocados.

No teu silêncio
oiço a tua voz murmurando no meu ouvido.

Mas tu não estás,
tu já não falas...

Agora,
és apenas silêncio!

Fico ausente de mim

quando às vezes, em dias como este,
a Alma foge para junto daqueles que perdi.
E fico oca, quieta, fria...
Nem lágrimas, nem risos, nem nada...
Rosto lívido apenas,
olhos no vazio,
o corpo sem forças...

Acho que é isto que é a tristeza!

Negar que te sinto

seria demasiado...

Não deixo de te pensar
mas não me faltas..

Não deixo de te querer
mas não p'ra já..

Deixar-te suspenso
não é preocupação.

O teu não regresso
não me magoa.

Que não te interesse
também não interessa..

Mas afirmar que te sinto
seria demasiado...

Tento-te então assim num limbo
entre querer e não querer
importar e não importar
sentir e não sentir

É um Nada que sinto
E a importancia disso é tudo..

Porque é efémero

tudo se torna mais especial.
Cada palavra trocada,
cada minuto que passa,
cada passo que se dá.

Dar importância ao momento,
e ter em cada segundo a alegria de o viver,
que o próximo segundo pode não chegar.

Cada sorriso, cada lágrima,
cada gesto, cada olhar
tem valor supremo, porque é efémero.

para C e A.. amigos Eternos

Ela preparava-se para escrever,

as ideias fervilhavam-lhe na cabeça.. Mas.. por onde começar? Há tanta tempo que acumulava as coisas de que queria falar que não sabia por onde começar.É preciso saber sempre por onde começar, e tudo o que lhe vinha à cabeça eram frases soltas que lhe pareciam boas para escrever sobre um tema. O pior era começar!

Sentou-se em frente às teclas, o que também era motivo de desmotivação Tinha aprendido a descarregar palavras com a caneta e cada caneta dava-lhe uma inspiração diferente. O papel também era importante para definir como seria a sua caligrafia. Achava, às vezes, que gostava mais da maneira como a sua letra ficava desenhada no papel do que aquilo que realmente estava a escrever. Por isso era dificil que a inspiração lhe viesse em frente a um ecrân cru, branco, sem textura, sem magia, sem toque.

Esticou os dedos e concentrou-se... "agora vai ter de ser" pensou.. "estou para fazer isto há tanto tempo".. tinha que descarregar ideias no "papel", há já muito que andava a soltar ideias no ar, e a marcar para depois a sua prisão no "papel".

Começou:
"A necessidade das pessoas a que lhe dêem importancia e a minha preocupação em satisfazê-las." ....

Mas o que dizer? Como começar? Não queria parecer demasiado técnica ou coloquial, queria dar magia às palavras, deixar a sua marca no mundo duma forma... marcante.

Sacava um cigarro, acendia-o, bafava e relia o que escrevera..."Como começar?"

Realmente o seu problema maior era como começar, como por exemplo, uma conversa importante. Como dizer as palavras para não parecerem demasiado brutas e secas. No fundo queria escrever sobre aquilo que mais a atormentava. Como dizer a alguém que não queria mais demonstrar a importância pela qual suplicava?

No fundo ela também era assim, gostava que lhe demonstrassem a importância que tinha, mas tinha essa noção e repreendia-a em si mesma. Sabia que era ela que devia saber que tinha importância, mesmo que os outros não demonstrassem. Não deveria necessitar da aprovação dos outros. Mas no fundo, todos os seres humanos são um bocadinho assim, precisam que lhes mostrem que estão a ir muito bem, são inseguros, e não percebem que todos os outros o são, também.

As palavras para começar não surgiam.. Apagou o cigarro e leu o que escrevera outra vez "A necessidade das pessoas a que lhe dêem importancia e a minha preocupação em satisfazê-las" .. Era um tema apenas, um titulo .. não era um começo.

Pensava em todos as pessoas que conhecia que exacerbavam essa necessidade, e como ela agiam com elas, com a preocupação de lhes mostrar que o que faziam estava bem feito, e de como ela em segredo esperava que fizessem o mesmo por elas. Pensava em como algumas dessas pessoas correspondiam à sua espectativa e como outras faziam exactamente o contrário..

Mas as palavras para começar não vinham, e pior.. tantas outras ideias pululavam para sair, que nada tinham a ver com o tema. até que.. desistiu. Não escreveu mais nada. Mais uma vez tinha escrito apenas uma frase solta. E então pensou na sua facilidade em desistir das coisas. "se calhar também devia desistir de demonstrar importancia àqueles que imploram por ter reconhecimento".. É que às vezes cansa!

Muitas vezes se sentia cansada de dar tudo aos outros, ela era assim. Pensava tanto na necessidade dos outros, que se esquecia das suas necessidades. Ás vezes achava que ela se calhar não tinha necessidades, e por isso tentava satisfazer as necessidades dos outros para se sentir completa. Na verdade, quando lhe perguntavam o que é que ela gostava de fazer, pensava muito e acabava por responder o mesmo de sempre, "passear, ler, estar com os amigos" quando na verdade, não era bem isso que queria responder, queria antes dizer "não sei, gosto de tudo, tudo me satisfaz".

Tinha chegado aos trinta, e já se sentia pelo menos capaz de dizer aquilo de que não gostava, mas do que gostava, era-lhe completamente impossivel nomear. Ela até gostava de passear, ler e estar com os amigos, mas o que realmente lhe dava prazer era satisfazer os outros. Porém não é coisa que se diga quando se conhece uma pessoa pela primeira vez. Quando não se conhece o outro é bom manter algumas barreiras para que os outros não se aproveitem de nós. Ela tinha aprendido isso recentemente.

Conhecera um homem com quem tinha sentido pela primeira vez a liberdade de dizer tudo o que lhe vinha à cabeça. De inicio correu tudo muito bem, mas depois com o tempo percebeu que ele se aproveitava do facto de ela não gostar de sentir que poderia magoá-lo.

Essa era outra certeza que tinha, desde muito nova, e talvez uma das razões porque não sabia como começar uma conversa séria. Sabia que tinha sensibilidade para descobrir os pontos que mais podiam magoar o outro, e tinha medo que ao falar, a conversa se empolgasse de tal maneira que acabasse por dizer algo que pudesse deitar o outro abaixo. "Eu penso demasiado nos outros" pensava. Mas depois, logo chegava à conclusão que era dificil ser verdadeiramente magoada pelos os outros por palavras e talvez por isso devesse ter cuidado com os que facilmente se magoam com palavras. Eram os actos que a magoavam mais, e começava agora a perceber isso com este homem. Homem este que necessitava exarcebadamente de ter a aprovação dos outros.
Percebera isso quando se fartou de ouvi-lo dizer das coisas que já tinha feito, e das pessoas que tinha conhecido e de quão "o máximo" ela deveria achar isso. Ela não achava o máximo, aliás, pouco lhe interessava o que ele tinha feito. Ela queria saber como é que ele era no seu intimo, e tudo o que ele lhe dizia, parecia-lhe tão superficial, tão chato, que ela acabou por desistir. Percebera que sempre tinha sido assim, tentando descobrir a essencia das pessoas, quando o que as pessoas mostram é o seu enorme Ego. "As pessoas têm medo da sua essência, de a mostrar" pensou. Ás vezes as pessoas nem sequer sabem que têm uma essencia. "Se todos fossemos corajosos para a mostrar, o Mundo seria bem mais fácil" pensou.

Estava com fome, foi comer qualquer coisa, mas antes, tinha de falar disto com a amiga com quem dividia a casa, falar-lhe da ideia que tinha tido para escrever, mas ao falar, pensava que ela própria estava a demonstrar a necessidade de aprovação.."irónico heim?" Pensou.

(to be continued)

Há certos dias

em que parece que todas as dores do Mundo são minhas,
e que as lágrimas que não choro se acumulam por dentro.

Sinto-me a rebentar...
Como um balão que se vai enchendo, enchendo até quase se tornar transparente...
E aí.. soltam-se as lágrimas em jorro,
sem ordem ou prisão...
Escorrem-me cara abaixo, salgam-me a pele, incham-me os olhos...
E sinto-me pequenina demais para chorar tanta lágrima...

O Mundo tem muitas dores, Mãe...
É nestas alturas que também choro por ti, Mãe...
É nestas alturas que lembro que já não estás aqui para me secar as lágrimas...
É nestas alturas que choro o passado como se fosse presente,
que choro a dor das crianças sem Mãe, nem Pai, nem Ninguém que lhes enxuge as lágrimas da fome..
É nestas alturas que choros os animais que se extiguem na Terra, as Guerras em nome do Ego e do Poder, a Chuva que não cai e a Chuva que cai demais, os inocentes que se vão por tremer a Terra, os estropiados e afogados, os Aviões que desaparecem no Mar, os sozinhos no Mundo, os doentes terminais, as mulheres violadas, violentadas e caladas, as crueldades do Homem... as dores de todos e as minhas...

Hoje é um dia assim... choro.

Fugazmente

nos encontramos numa rua qualquer da Cidade sufocante.
Nem beijos, nem abraços, nem sequer palavras que queiram dizer aguma coisa...
Apenas olhares que escondem o que a boca cala...

Quero-te apenas ao de leve...
Sem grilhões que me apertem o coração...
Por isso é fácil guardar-te na memória e deixar-te partir...

Get it while you can - Janis Joplin

In this world, if you read the papers, lord,
You know everybody's fighting on with each other.
You got no one you can count on, baby,
Not even your own brother.

So if someone comes along,
He's gonna give you some love and affection
I'd say get it while you can, yeah!
Honey, get it while you can,
Hey, hey, get it while you can,
Don't you turn your back on love, no, no!

Don't you know when you're loving anybody, baby,
You're taking a gamble on a little sorrow,
But then who cares, baby,'cause we may not be here tomorrow, no.

And if anybody should come along,
He gonna give you any love and affection,
I'd say get it while you can, yeah!
Hey, hey, get it while you can,
Hey, hey, get it while you can.
Don't you turn your back on love,
No no no, no no no no no.
Oh, get it while you can,

Honey get it when you're gonna wanna need it dear, yeah yeah,
Hey hey, get it while you can,
Don't you turn your back on love,
No no no, no no no no, get it while you can,
I said hold on to somebody when you get a little lonely, dear,
Hey hey, hold on to that man's heart,
Yeah, get it, want it, hold it, need it,
Get it, want it, need it, hold it,
Get it while you can, yeah,
Honey get it while you can, baby, yeah,
Hey hey, get it while you can!

Não quero sentir-me assim

triste porque não estás.
Não é que não mereças..
mas eu tenho de pensar em mim.

A razão falará mais alto
do que o coração quer gritar.
Os olhos secos ficarão,
as lágrimas vou guardar
para razões maiores,
para dores impossiveis de aguentar.

Se o que vivemos acabou
temos que o saber aceitar.
Temos que ter a coragem de o dizer,
temos de saber largar.

Adeus, é o que me dá ganas de falar
Estou grata pelo que aprendi.
Ainda é facil continuar a viver sem ti
Adeus, até um dia... se o destino nos fizer encontrar...

Anda na Vida a passos largos

De queixo erguido pela rua
Sorriso preso nos lábios
Os olhos reflectindo a Lua

Serena a Alma e vem
Viver os dias por inteiro
Solta a voz e canta
A canção que te vem primeiro

O sopro da Vida é o Bem Maior
Sê feliz mesmo na tristeza
Dança leve na brisa do tempo
Mesmo com a Dúvida por Certeza.

Quando for velhinha

quero esquecer-me das lágrimas!
E lembrar-me de todas as gargalhadas!

Estou a despir-me

das máscaras que me escondiam a alma!

O trinar da guitarra

lava-me a alma.

Ás vezes

as lágrimas arrancam sem avisar...
Caem-me pelos os olhos
como uma torneira mal fechada.

Essas são as lágrimas nas coisas..
Aquelas pequenas coisas
Que de tão belo ou horrível
nos toca no fundo!

Ás vezes
sinto esse belo e horrível
dentro de mim.
E faz-me chorar!

A casa abandonada

debaixo do velho castanheiro
repousou durante anos,
sem ninguém para cuidar dela.

Num dia soalheiro
a porta escancarou-se
abriu-se em par a janela...

Pôs-se bonita a casa,
arejou as paredes
expulsou as osgas e aranhas...

O vento entrou
e tirou-lhe o cheiro
do tempo que parou nela...

A casa quer ser habitada,
quer ser cuidada..

Será que me deixará entrar?
Gostava de percorrer os corredores vazios,
vasculhar os quartos sozinhos.

Tenho de me pôr a caminho
para não chegar tarde..

Hoje o Sol

está de chuva....

Lembro-me do teu rosto feliz.

Lembro-me quando todas as palavras eram doces,
quando os nossos olhares se cruzavam
e nos encontravamos um no outro.

Agora,
os nossos olhos estão inundados
de uma bacidez lacrimal.

Já não me vejo em ti,
e sei que já não te encontras em mim!

Onde havias tu,
agora há tristeza,
de não conseguir sentir-te...

"O Passado é inútil como um trapo..."

O Futuro, um imenso nevoeiro...
O Presente, uma tremenda confusão!

tenho o teu cheiro

entranhado na pele...

vou embora,
mas tu vens comigo
entrando-me plo nariz...

estonteas-me
mesmo na ausência...

Apeteces-me tanto

que me apetece gritar!!!!

não peças aos outros o que não podes oferecer

o que me pedem
Humildade
s. f.,
virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza;
modéstia;
submissão;
inferioridade.


o que eu peço
Coerente
adj. 2 gén.,
que tem coerência;
conforme;
lógico;
procedente;
congruente;
em que há coesão

Apetece-me

tomar-te o gosto.
Descascar-te a pele
saborear-te a polpa
e guardar o caroço.

Deixas-me aguada.

Levo-te nas mãos
até à sombra de uma àrvore
para poder descobrir-te
na sombra fresca.

Levo-te à boca,
trinco-te a pele suave
bebo o teu sumo
fecho os olhos
para melhor sentir o teu sabor...

apeteces-me...

Agora, sou um pássaro,

negro,
num vôo descontrolado,
mas calmo.
Como que levado pelo vento...
Doce vento esse...
Agora sou pássaro negro,
ferido,
mas não de morte.
Será a ferida
da minha metamorfose...
Um dia,
serei pássaro branco.
Voando,
com rumo!

5 anos e 1 mês depois do inicio da viagem..
Tudo flutua agora num vácuo profundo...
...a caminho de um final feliz!

Soneto da Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

Vinicius de Moraes

Poema - Ney Matogrosso

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo

Eu acordei com medo e procurei no escuro

Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança

Do tempo que eu era criança

E o medo era motivo de choro

Desculpa pra um abraço ou um consolo

Hoje eu acordei com medo mas não chorei

Nem reclamei abrigo

Do escuro eu via um infinito sem presente

Passado ou futuro

Senti um abraço forte, já não era medo

Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim

De repente a gente vê que perdeu

Ou está perdendo alguma coisa

Morna e ingênua

Que vai ficando no caminho

Que é escuro e frio mas também bonito

Porque é iluminado

Pela beleza do que aconteceu

Há minutos atrás

um dia

quando não tiver nada para fazer

mato-me...

apetece-me

chorar
desfazer-me em lágrimas
desaparecer depois
esquecer-me de mim


cair no esquecimento de todos

nunca ter existido

até porque fui um erro

um engano, uma aberração

que nasce só para encher

sou um zero

quero ser um zero

esqueçam-me

odeiem-me

desprezem-me

para que a morte seja mais fácil se não houver alguém que me ame

apetece-me chorar

por isso vou chorar ...