Vazia,

é como me sinto.
Não encontro chão.
Não oiço o coração.
Só um eco infinito ressoa
cá de dentro, do fundo.

Vazia,
como um saco que voa
ao sabor da ventania
sem rumo ou lugar p'ra ficar.
Contínuo voar
por entre os outros
sem lhes tocar
sem deixar que me toquem.

Vazia,
como a maré que quase não chega à praia,
mortiça, desvanecendo em espuma.

Fria,
como pedra que passa a noite ao relento.

E morta,
porque não encontro pingo de mel no coração...

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